Guerra na Síria e terrorismo

Putin e Assad responsabilizam <br>potências ocidentais

Os presidentes da Rússia e da Síria colocaram o «dedo na ferida» ao acusarem as potências ocidentais de serem cúmplices das atrocidades do autoproclamado Estado Islâmico.


Os atentados de Paris são inseparáveis do que tem acontecido na Síria

O presidente russo denunciou, na Cimeira do G20 que decorreu no passado fim-de-semana na Turquia, que os grupos terroristas que operam na Síria, de entre os quais emergiu o Estado Islâmico (EI), são suportados por cerca de 40 países, alguns presentes naquele fórum. Putin defendeu uma acção concertada aos vários níveis – troca de informações, definição de alvos e aliados no terreno, coordenação de acções militares, corte do financiamento aos grupos terroristas, quer o «directo» quer aquele que o EI obtém com o contrabando do petróleo (que se estima que renda cerca de 1,5 milhões de dólares por dia), etc. –, cuja urgência, realçou ainda, ficou sublinhada pelos trágicos acontecimentos de Paris.

A Cimeira dos G20 iniciou-se horas depois de um atentado reclamado pelo EI ter ceifado, sexta-feira, 13, em Paris, a vida a 130 pessoas e deixado cerca de 400 outras feridas, 99 das quais em estado grave. Na quinta-feira, 12, um outro atentado do EI matou 44 pessoas num bairro no Sul de Beirute, no Líbano. Entretanto, as autoridades russas confirmaram que o derrube do avião russo na província do Sinai, Egipto, a 31 de Outubro, que provocou a morte a 224 pessoas e foi também reivindicado pelo EI, se deveu à explosão de uma bomba a bordo.

Realidade

Recorde-se que os EUA e a Turquia, a Arábia Saudita, o Catar e outros estados do Golfo Pérsico têm abertamente apoiado (designadamente com treino, fornecimento de armas, mantimentos, assistência médica, livre trânsito e dinheiro) o que consideram ser a «oposição moderada síria», isto apesar de o Pentágono indicar, pelo menos desde 2012, que os grupos armados são compostos por todo o tipo de extremistas, e de as várias secretas ocidentais admitirem a presença de mercenários de dezenas de nacionalidades a soldo no terreno.

O sustento prestado por Washington à Frente Al-Nusra também é um facto, servindo de exemplo o fornecimento de veículos de fabrico japonês que, posteriormente, foram parar às mãos do EI. Ou ainda o caso das carrinhas todo-o-terreno como aquelas que se observam em imagens difundidas nos últimos dias mostrando uma caravana do EI em trânsito na Síria sob escolta de um... helicóptero dos EUA.

Às mãos do EI têm ido parar, também, toneladas de material militar lançado por aviões norte-americanos no Iraque, vêm denunciando com insistência as autoridades de Bagdad, cujo ministro dos Negócios Estrangeiros assegura que a França, os EUA e o Irão foram avisados de que estariam entre os alvos imediatos do terrorismo do EI.

Condenando o atentado em Paris, o presidente sírio denunciou que a política francesa no Médio Oriente, e em particular quanto ao EI na Síria e no Iraque, contribuiu para a expansão do terrorismo. «Os atentados terroristas que visaram a capital francesa não podem ser separados do que aconteceu na capital libanesa, Beirute, e do que tem acontecido na Síria nos últimos cinco anos», frisou Bashar Al-Assad.

No final de Setembro, Assad solicitou auxílio russo para combater os grupos de mercenários na Síria. A intervenção aérea de Moscovo, segundo dados do Kremlin, já atingiu cerca de 900 alvos e posições do EI e outros grupos jihadistas, permitiu libertar dezenas de cidades e regiões inteiras, recuperar pontos militares estratégicos e provocar a debandada de inúmeros combatentes, num total agregado de destruição de 40 por cento da capacidade do EI no território. Algo que a suposta ofensiva da chamada coligação internacional, que inclui os EUA, a França e a Grã-Bretanha, nunca havia logrado em meses e meses de alegados bombardeamentos cirúrgicos e intensos.

 



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